A constituição exata dos aerossóis produzidos pelos cigarros eletrónicos e os efeitos do seu consumo na saúde ainda não são integralmente conhecidos, o que se deve ao seu recente surgimento e utilização. Os objetivos do presente artigo são identificar através da revisão literatura a constituição dos cigarros eletrónicos e os efeitos na saúde promovidos pela utilização dos mesmos. O aerossol gerado pelos cigarros eletrónicos não é exclusivamente composto por vapor de água e nicotina, inclui também compostos de carbonilo, compostos orgânicos voláteis, nitrosaminas específicas do tabaco e metais pesados. A presença de metais e partículas químicas oxidantes nos aerossóis dos cigarros eletrónicos são promotoras de inflamação potencialmente responsável pela ativação plaquetária/trombose, disfunção endotelial e aterosclerose. A nicotina promove aumentos da frequência cardíaca, da pressão arterial e da contratilidade miocárdica. Os aerossóis contendo nicotina têm o potencial de afetar adversamente os mecanismos de defesa pulmonares podendo também estar associados a hiperreatividade brônquica e desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crónica. A presença no aerossol de partículas ultrafinas e partículas na faixa submicrónica têm o potencial de danificar as vias aéreas e o parênquima pulmonar. Certas partículas podem causar danos no ADN, induzir a expressão de citoquinas pró-inflamatórias e afetar negativamente o sistema imunológico através da produção de radicais livres de oxigénio. Embora ainda haja a necessidade de desenvolver mais estudos relativos aos efeitos da utilização de cigarros eletrónicos na saúde, já existem evidências que apontam que estes representem um risco considerável para a saúde e que a sua utilização deve ser desencorajada.