Identificação e avaliação dos principais fatores de risco de infeção em cirurgia cardíaca
Código: SS-191
- Data: 16/01/2018 00:00:00
Resumo:
Introdução: A infeção nosocomial após cirurgia cardíaca está relacionada com o aumento da mortalidade, morbilidade e custos associados. Em Portugal existem poucos estudos publicados sobre este tema, sendo um assunto pouco documentado na nossa literatura. Pretende-se com este trabalho identificar os principais factores pré, intra e pós-operatórios relacionados com o desenvolvimento de infeção pós-cirurgia cardíaca major e identificar os agentes e a tipologia mais frequentes.
Metodologia: Foram analisados retrospetivamente todos os doentes adultos, submetidos a cirurgia cardíaca major num hospital de Lisboa, no período temporal compreendido entre 2008 e 2013.
Resultados: Após a aplicação dos critérios de exclusão, foi identificada pelo menos uma intercorrência infecciosa intra-hospitalar em 147 doentes (2,4%) dos 6149 considerados. O tipo de infeção mais frequente foi a infeção respiratória. Os agentes mais comuns foram Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus e Pseudomonas spp. Da análise univariada, verificou-se uma associação estatisticamente significativa entre o desenvolvimento de infeção e a idade, a diabetes mellitus/hiperglicémia, a doença pulmonar, a doença renal prévia, o enfarte agudo do miocárdio recente, a glicémia pré-operatória isolada, a implantação de balão intra-aórtico, a técnica de circulação extracorporal, o tempo de circulação extracorporal, as complicações respiratórias ou de feridas cirúrgicas não infecciosas, a lesão renal aguda pós-operatória e a reoperação. Verificou-se ainda uma associação estatisticamente significativa entre o desenvolvimento de infeção e outros marcadores de maior comorbilidade: maior tempo de internamento hospitalar, maior tempo de permanência na unidade de cuidados intensivos e maior tempo de ventilação.
Conclusão: A identificação e controlo de diversos factores de risco pré, intra e pós-operatórios poderá resultar numa diminuição da infeção pós-operatória e morbilidade associada.
Sofia Isaac Marques
ESSCVP