Avaliação da circulação intracraniana por Doppler Transcraniano em doentes com lesões cerebrais isquémicas e Diabetes Mellitus
Código: SS-145
- Data: 25/06/2015 00:00:00
Resumo:
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicémia, resultante de defeitos na secreção e/ou ação de insulina que se apresenta como um fator de risco independente para a doença cerebrovascular, particularmente para o acidente vascular cerebral isquémico (AVCi).
Objetivo: Pretendeu-se com o presente estudo avaliar, numa coorte de doentes com acidente isquémico transitório (AIT) e/ou AVCi o impacto da DM tipo 1 (DMT1) e da DM tipo 2 (DMT2) no desenvolvimento de lesões intracranianas ateroscleróticas, utilizando o Doppler Transcraniano (DTC).
Metodologia: Da população fizeram parte 2984 pacientes, que realizaram DTC em contexto de internamento. Foram incluídos todos os pacientes diagnosticados com AIT/AVCi e DMT1 e DMT2. A amostra em estudo foi constituída por 261 doentes com AIT/AVCi, sendo classificados em dois grupos: um grupo com 35 doentes com DMT1 e outro grupo com 226 doentes e com DMT2.
Resultados: Observou-se que a DMT1 apresentou mais alterações na hemodinâmica cerebral em comparação com a DMT2 (51,4% vs 27,0%; p = 0,0034), afetando mais o género feminino, que apresenta mais estenoses intracranianas relativamente ao género masculino. Verificou-se também que a DMT1 afetou um maior número de vasos do que a DMT2, e que a artéria cerebral média é a artéria mais lesada. Os pacientes com DMT1 apresentaram um maior número de estenoses graves comparativamente ao grupo com DMT2.
Conclusão: A DM é um importante fator de risco vascular no desenvolvimento de lesões ateroscleróticas intracranianas contribuindo para o aparecimento precoce da doença cerebrovascular. Os pacientes com DMT1 apresentaram lesões estenosantes mais graves e multiterritoriais comparativamente ao grupo com DMT2.
Fátima Soares
Laboratório de Hemodinâmica Cerebral, Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte