Colonização nasal por MRSA nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste
Código: SS-116
- Data: 14/03/2014 00:00:00
Resumo:
Os Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) são um dos principais agentes patogénicos a nível mundial. Contudo para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste não é conhecida a prevalência de MRSA.
Entre Novembro 2010 e Julho 2013 efetuou-se um rastreio nasal para deteção de MRSA em 826 doentes e 480 profissionais de saúde em seis hospitais nos PALOP (São Tomé e Príncipe, Angola e Cabo Verde) e dois em Timor-Leste. Detetou-se colonização por S. aureus em 258 indivíduos (19,8%), dos quais 86 (33,3%) eram portadores de MRSA, correspondendo a uma taxa global de colonização por MRSA de 6,6%. A prevalência de MRSA em Angola foi a mais elevada (13,8%), seguida de São Tomé e Príncipe (4,2%) e Cabo Verde (1,3%). Não se detetaram MRSA em Timor-Leste. A resistência à meticilina foi mais elevada entre S. aureus isolados em Angola (58,1%) e São Tomé (26,9%) comparativamente a Cabo Verde (6%). A prevalência de MRSA foi semelhante nos doentes e profissionais de saúde (7,1% vs 5,6%; p=0,3). Destes, os auxiliares de limpeza (10,5%) apresentaram maior taxa de colonização por MRSA, seguidos dos médicos (7,4%) e enfermeiros (6,8%). As Unidades de Cuidados Intensivos (11,7%) e os serviços de Pediatria (6,8%) e Ortopedia (6,3%) foram aqueles onde as percentagens de MRSA foram mais elevadas.
Os dados obtidos mostram que as taxas de MRSA são preocupantes em alguns PALOP, tornando-se necessários futuros estudos de vigilância epidemiológica e a implementação urgente (nomeadamente em Angola) de medidas de controlo de infeção eficazes.
Isabel Santos Silva
ESSCVP
Hermínia de Lencastre
ITQB; The Rockefeller University
Marta Aires-de-Sousa
ESSCVP